Por: Oscar Freitas Jr.
O recuo no mercado econômico da grande Ambev e o crescimento das artesanais
Com as últimas notícias de que a gigante Ambev sofreu duros golpes no mercado cervejeiro um outro cenário se avoluma a nossa frente.
A Ambev perdeu em valores de mercado no ano de 2018 R$100 bi. Já em outubro, a poderosa marca de cerveja acusou o golpe e chegou a cair 7% do mercado. Suas vendas caíram 3,1% no terceiro trimestre em 2018 comparado ao mesmo período do ano anterior.
Em 2018, ano em que bolsa foi o investimento mais rentável do País, com o Ibovespa avançando 15%, as ações da empresa caíram quase 30%. Foi a empresa que mais perdeu valor de mercados em números absolutos.
O banco UBS rebaixou a recomendação da Ambev para venda e o preço-alvo de R$ 23 para R$ 17, refletindo o ambiente mais competitivo, morna recuperação da economia brasileira e ventos contrários para a companhia.
Nos últimos 10 anos a Ambev caiu cerca de 5% no mercado, enquanto uma de suas concorrentes, a Heineken subiu de 21% para 24% como marca premium no ano passado. Mesmo o grupo Brasil Kirin recuando e dando um crescimento de apenas um dígito no último trimestre (comparado aos dois no ano passado inteiro, devido a problemas logísticos), esse pode ser um sinal importante de mudança no mercado. O aumento de consumo para cervejas tidas como “premium” mostraram para onde estava indo os consumidores.
Sinal de alerta ligado
As mudanças de comportamento do consumidor deram um recado expressivo para a cerveja de massa. O próprio Paulo Leman, dono da maior fortuna do País e sócio proprietário da Ambev já indicava em abril de 2018, numa conferência em Los Angeles, que se sentia um dinossauro assustado, pois depois de passar muitos anos num mundo muito aconchegante de grandes marcas antigas e grandes volumes viu-se numa mudança nos hábitos de consumo. O mercado ganhou novas marcas, novos sistemas de distribuição e vários produtos artesanais conquistaram os bebedores de cerveja.
Percebendo esse quadro de mudança de consumo significativa, a Ambev começou algumas operações há algum tempo de compras de cervejarias “artesanais”, em consonância também alavancou marcas consagradas como Skol para linhas premium lançando Skol Hop e Skol Puro Malte. Na mesma linha, manteve foco midiático na Brahma para se manter nas cervejas “de médio-baixo” custo e outros investimentos em cervejas de baixíssimo custo como a cerveja de mandioca, e investindo massivamente em marketing para manter seus produtos na memória do consumidor. A expectativa, conforme a UBS é que com essas ações pontuais eles consigam até 2025 retomar os patamares anteriores. E é aí que a coisa muda de figura.
Outros cenários, novas perspectivas
O cenário está mudando tão rápido que talvez esse ano cabalístico da Ambev não chegue. As propagandas, como estão colocadas, não garantem mais vendas e manutenção do produto e na contramão dessa queda, as cervejarias artesanais, mesmo em cenário econômico complicado, mostram números avassaladores.
Nos últimos 10 anos, o número de cervejarias no Brasil cresceu de 70 para 700, em 2017 tiveram um crescimento de 35%, conforme afirma a Abracerva. Em 2018 foram concedidos aproximadamente 6,8 mil registros de produtos para cerveja/chope, 210 novas fábricas foram abertas. No mesmo período da queda da Ambev o crescimento no meio tido como cerveja artesanal constava com 23%. Se há 5 anos o mercado abocanhava menos de 1%, hoje já estão com 3% e a projeção para os próximos é de 6%.
Conclusão
É uma mudança não só de mercado mas de comportamento. Na onda da gourmetização, e de elaboração de sabores e aromas mais complexos o consumidor tem migrado para experiências que lhe proporcionem momentos mais exclusivos.
A busca de um sabor e um aroma que tenha uma mesma identidade tem sido o norte dessa mudança. E quem tem isso no seu DNA vai se dar bem no mercado, quem não tem ou se adapta ou vão deixar de existir.
Aviso Legal:
Proibida cópia do artigo integral ou parcialmente em sites, blogs e outras mídias. Todos os Direitos Reservados®. Compartilhe o link original. Dúvidas? Entre em contato.
0 comentários